Após tentar simular suicídio da companheira, homem é preso por feminicídio em Cotia

Indivíduo matou a mulher com golpe de “mata-leão” e forjou a cena do crime para enganar a polícia

Um homem foi preso em flagrante na manhã da última sexta-feira, 27, suspeito de matar a companheira e tentar simular um suicídio. O caso aconteceu no Jd. Araruama, em Cotia.

A Polícia Militar foi acionada para atender uma ocorrência de um suposto suicídio. Ao chegar ao local, a unidade de resgate do Corpo de Bombeiros já se encontrava lá, e já havia constatado que o corpo estava sem sinais vitais e em rigidez cadavérica.

No interior da residência estava o companheiro da vítima, que mostrou para os policiais onde o corpo da mulher estava e como ele a havia encontrado.

O homem, de 28 anos, disse que ao acordar achou o corpo da mulher, de 32 anos, pendurado com o fio da "chapinha de cabelo" envolto em seu pescoço. Então a tirou daquela posição, colocou-a na cama e chamou a tia dela. Porém os policiais e os bombeiros estranharam a forma que o corpo estava, aparentando que não havia marcas no pescoço.

Após matar a companheira, homem tentou enganar a Polícia, simulando o suicídio da vítima

Foi feita a preservação do local e o contato com o Plantão Policial do DP de Cotia, que orientou a conduzir o indivíduo para prestar esclarecimentos. Lá, o indivíduo se recusou a prestar depoimento imediato, afirmando que só falaria na presença de um advogado, o que chamou a atenção.

Foi acionada a perícia para o local dos fatos.

A investigação

Após tomarem ciência dos fatos, os investigadores foram ao local do crime para levantar informações, identificar testemunhas e dar início à coleta de provas.

Durante o andamento da investigação, a tia da vítima relatou um histórico de violência no relacionamento do casal. Segundo ela, as brigas entre os doiss eram constantes, agravadas pelo uso de drogas por parte dele. A tia contou que o companheiro da sobrinha chegou a vender alimentos e objetos da casa para sustentar o vício.

No dia anterior ao crime, ela tentou contato com a sobrinha, mas ninguém atendeu. Por volta das 5h do dia do crime, ela recebeu um áudio do indivíduo, chorando e dizendo que a companheira havia cometido suicídio. Ao chegar na casa do casal, ela encontrou a moça já sem vida sobre a cama. Em seguida, um vizinho acionou a Polícia Militar.

Confissão

Interrogado, o indivíduo, na presença de seu advogado contou que conheceu a mulher há 04 meses e no dia seguinte já começaram a morar juntos na casa que era da vítima. Na viela onde morava, existem outras residências, sendo que uma delas é a da tia da vítima. O homem disse que, no início, até por volta de 02 meses, o relacionamento era harmonioso, todavia, após esse período o envolvimento passou a ser conturbado, com várias crises de ciúmes por parte da mulher.

Certa vez, quando ele fazia tratamento em uma clínica de recuperação de dependentes químicos, ela, totalmente alterada, utilizou uma lâmina para cortar seus cabelos. Após retornar da clínica, as discussões se intensificaram, e em certas vezes ele teria sido ameaçado por ela com uma faca.

Segundo o boletim de ocorrência, no dia do crime iniciou-se uma discussão entre o casal, onde ela o ofendeu com palavras de baixo calão e em determinado momento, já de posse de uma faca que estava usando para cortar pão, ela a apontou para ele e partiu em sua direção na intenção de feri-lo. Com receio de ser golpeado, ele a segurou, mas como ela se debatia muito, então se viu obrigado a aplicar-lhe um golpe conhecido como "mata-leão". Sem precisar o quanto de força deveria colocar no golpe, para imobilizar a mulher, ele apertou até que percebeu que ela parou de reagir. Ao perceber que a vítima não respondia mais, tentou reanimá-la, sem sucesso. Em desespero, o homem decidiu modificar a cena do crime para simular um suicídio. Ele esperou cerca de uma hora antes de comunicar o suposto fato a familiares e à polícia.

Diante dos fortes indícios de feminicídio e de fraude processual, já que o suspeito tentou alterar a cena para confundir os investigadores e peritos, o delegado de plantão determinou a sua prisão em flagrante por "Homicídio (art. 121) Feminicídio - Matar mulher por razões da condição do sexo feminino e Fraude processual (art. 347).