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Projeto Âncora: Carta do mês de Junho


Há 25 anos escrevemos todos os meses. Quando o Brasil ou o mundo estão de tal forma que impactam consideravelmente nossos corpos, vidas e a vida das organizações, não fugimos de abordar isso nas cartas.

 

Pandemia, crise política, racismo, machismo têm impactado mais do que nunca nossos corpos, nossa saúde, nossas relações, nossa sobrevivência. Alguns de nós temos alguma renda guardada, outros dependem do emprego que perderam, uns moram em amplas casas, outros tem família numerosa em barraco mínimo, uns com sinal excelente de wi-fi, outros sem sinal e sem equipamento para estudar ou trabalhar à distância, uns se deslocam protegidos dentro de carros, outros se amontoam em transporte público. Uns passam pelas crises de forma mais confortável, outros sofrem muito mais.


A diferença, dizia Walter Steurer, fundador do Projeto Âncora, não está na capacidade ou merecimento de cada um, mas nas oportunidades. Quem nasceu em berço de ouro tem muito mais oportunidades. Quem descende de escravos que saíram do regime de escravidão com uma mão na frente e outra atrás e nunca receberam do Estado nenhuma compensação pela injustiça que sofreram, não tiveram as mesmas oportunidades. Até os dias de hoje alguém sofrer por causa do tom de pele será visto no futuro como uma das maiores aberrações de nossa época.

O Projeto Âncora existiu durante 25 anos com esse objetivo, para reverter as injustiças históricas que impedem as pessoas de terem oportunidades iguais diante da vida, para poderem escolher caminhos e não engolir as sobras, para poderem colocar seu potencial, sua criatividade, inteligência e vocação a serviço da construção de um mundo melhor, e não se sujeitar a uma vida tacanha e um trabalho insano.


Estamos numa virada de página, torcendo para que as mais de 6 mil crianças e jovens que passaram pelo Âncora tenham podido abraçar as oportunidades que tiveram. E para que possamos, ainda, continuar de alguma forma, como instituição ou como parceiros de um mesmo ideal, a abrir caminhos que terminem de vez com o que há de mais atrasado na civilização do século XXI.


Contamos com vocês, vamos transformar, juntos!


Regina Machado Steurer

Fundadora e Conselheira

Projeto Ancora


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