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Testes realizados com camundongos mostram que nova estratégia é seis vezes mais eficiente para tratar o tipo mais agressivo da doença em comparação com a terapia convencional
O Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP e a Faculdade de Medicina de Harvard, dos EUA, se uniram na busca por tratamentos mais eficientes contra o tipo mais agressivo de câncer de mama, o triplo-negativo. Os cientistas propuseram uma nova estratégia que poderá resultar na diminuição dos tumores de forma mais rápida e reduzir os efeitos colaterais gerados aos pacientes pela quimioterapia. O trabalho foi publicado recentemente na Science Signaling, revista científica internacional da área de sinalização celular, distribuída pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS). Diferentemente do tratamento convencional em que a quimioterapia é aplicada como primeiro e um dos únicos recursos, a proposta idealizada pelos pesquisadores envolve uma etapa prévia, que enfraquece as células tumorais antes que elas sejam tratadas com os quimioterápicos. O objetivo é que elas apresentem uma resistência menor e morram mais rápido.
Para isso, o pós-doutorando do IQSC e um dos autores da pesquisa, Vinícius Guimarães Ferreira, avaliou 192 compostos químicos que poderiam ser capazes de “debilitar” as células cancerígenas de forma seletiva, ou seja, sem prejudicar as saudáveis.
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Para encontrar a “molécula ideal”, o cientista testou todas as substâncias contra as células doentes com ajuda de uma impressora de compostos químicos capaz de aplicá-los sobre as células de forma automática, a partir de comandos previamente definidos pelos pesquisadores. Posteriormente, as células foram colocadas em um outro aparelho que avaliou o quão enfraquecidas elas ficaram. Vinicius, então, analisou e interpretou os resultados até identificar o composto que melhor atendia seus objetivos, ou seja, o que deixou as células mais próximas da morte. Isso foi medido, resumidamente, pela quantidade de proteínas (citocromo c) que elas perderam após receber a ação dos compostos, indicando qual o grau de vulnerabilidade das células. Depois dessa etapa, a molécula selecionada pelo cientista foi utilizada para o tratamento de camundongos com câncer de mama por 21 dias, intercalando com sessões de quimioterapia. Os resultados foram animadores: “Utilizando apenas o quimioterápico para tratar os animais, o tumor teve uma redução de 10% em seu tamanho. Já com o tratamento combinado, o tumor diminuiu 60% no mesmo período, ou seja, a terapia foi seis vezes mais eficiente ou, então, 500% mais eficaz”, revela o cientista, que teve sua pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e realizou intercâmbio em Harvard por um ano na época em que cursava seu doutorado no IQSC. Na universidade norte-americana, Vinícius foi supervisionado pelo professor Anthony Letai, especialista na avaliação de mecanismos que levam as células tumorais à morte.
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Para encontrar a “molécula ideal”, o cientista testou todas as substâncias contra as células doentes com ajuda de uma impressora de compostos químicos capaz de aplicá-los sobre as células de forma automática, a partir de comandos previamente definidos pelos pesquisadores. Posteriormente, as células foram colocadas em um outro aparelho que avaliou o quão enfraquecidas elas ficaram. Vinicius, então, analisou e interpretou os resultados até identificar o composto que melhor atendia seus objetivos, ou seja, o que deixou as células mais próximas da morte. Isso foi medido, resumidamente, pela quantidade de proteínas (citocromo c) que elas perderam após receber a ação dos compostos, indicando qual o grau de vulnerabilidade das células.
Depois dessa etapa, a molécula selecionada pelo cientista foi utilizada para o tratamento de camundongos com câncer de mama por 21 dias, intercalando com sessões de quimioterapia. Os resultados foram animadores: “Utilizando apenas o quimioterápico para tratar os animais, o tumor teve uma redução de 10% em seu tamanho. Já com o tratamento combinado, o tumor diminuiu 60% no mesmo período, ou seja, a terapia foi seis vezes mais eficiente ou, então, 500% mais eficaz”, revela o cientista, que teve sua pesquisa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e realizou intercâmbio em Harvard por um ano na época em que cursava seu doutorado no IQSC. Na universidade norte-americana, Vinícius foi supervisionado pelo professor Anthony Letai, especialista na avaliação de mecanismos que levam as células tumorais à morte.
Pelo fato de proporcionar um resultado mais eficiente contra o tumor, a nova proposta de tratamento poderá permitir que os pacientes sofram menos com os efeitos colaterais gerados pelos medicamentos altamente tóxicos que são administrados na quimioterapia: “Com as células cancerígenas intactas, o quimioterápico levaria um tempo maior para matá-las, gerando mais reações adversas aos pacientes que provavelmente precisariam passar por mais sessões. Já com a nossa proposta, a partir do momento em que nós temos células tumorais sensibilizadas previamente, a efetividade do quimioterápico aumenta e sua toxicidade para as células saudáveis diminui”, explica o professor e diretor do IQSC Emanuel Carrilho, que orientou Vinicius durante o trabalho e também assina o artigo publicado.
Difícil de tratar – De acordo com a Sociedade Americana de Câncer, o câncer de mama triplo-negativo (TNBC) é responsável por cerca de 10% a 15% de todos os cânceres de mama e tende a ser mais comum em mulheres com menos de 40 anos. Esse tipo de câncer se difere de outros porque ele cresce e se espalha mais rápido, têm opções de tratamento limitadas e resultados não tão satisfatórios. Um estudo publicado em 2019 mostra que o TNBC tem seu tamanho duplicado após 124 dias, enquanto outros tipos de câncer de mama dobram seu volume a cada 185 dias. O termo “triplo-negativo” é utilizado porque as células cancerígenas não possuem receptores dos hormônios femininos estrogênio e progesterona e também não produzem, ou produzem em poucas quantidades, a proteína HER2, fundamental para o crescimento das células mamárias. Resumindo: o teste das células cancerígenas é “negativo” nas três ocasiões. Segundo estimativa divulgada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil deve registrar em cada ano do triênio 2020-2022 cerca de 66 mil novos casos de câncer de mama, considerando todas as suas variações. A doença representa 29,7% dos casos de câncer em mulheres, sendo o líder de incidência no público feminino.
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Agora, os cientistas do IQSC e de Harvard estão abertos a possíveis parcerias com a indústria farmacêutica para que o tratamento seja licenciado e os estudos avancem com a realização dos testes clínicos em seres humanos. A pesquisa foi realizada no Dana-Farber Cancer Institute e no Laboratory of Systems Pharmacology de Harvard, ambos sediados em Boston. Por Henrique Fontes, da Assessoria de Comunicação do IQSC/USP
Foto 1: Canva
Fotos 2 e 3: Vinicius Ferreira
Foto 4: HMS/Divulgação