Cooperação entre países devolve anfíbios genuinamente brasileiros que haviam sido traficados ao território norte-americano
Na última semana, a Fundação Parque Zoológico de São Paulo recebeu 21 sapos da espécie Adelphobates galactonotus, conhecidos como “Sapos ponta-de-flecha” oriundos de operação internacional contra o tráfico de animais. A repatriação desses anfíbios endêmicos da Amazônia brasileira ocorreu em parceria com diversos órgãos do Brasil e dos Estados Unidos.
Os animais foram interceptados no aeroporto de Miami em 2018 e levados pelos agentes do FWS (Fish and Wildlife Service) ao parque temático norte-americano Animal Kingdom/Disney, para receberem os cuidados necessários durante as investigações e processos legais da ação.
Por mais de dois anos, os sapos foram assistidos pela instituição internacional. Agora, retornam ao país de origem onde serão cuidados pela equipe técnica da Fundação Parque Zoológico de São Paulo. A instituição, ligada à Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado, possui expertise na manutenção e reprodução de anfíbios que integram programas de conservação pioneiros no mundo.
A Fundação Zoológico conta com 246 indivíduos de 11 espécies da Classe Amphibia, sendo duas delas classificadas como ameaçadas de extinção. Os sapos devolvidos ao Brasil têm coloração azul (19) e laranja (2).
Camuflagem
Geralmente, os anfíbios apresentam cores discretas que permitem a camuflagem no ambiente em que vivem. Mas esse não é o caso desses pequenos sapos venenosos que possuem colorações fortes e chamativas que funcionam como um sinal de advertência aos predadores de que não são apetitosos e que podem causar danos devido a toxicidade presente na pele.
O nome “ponta-de-flecha” vem do fato de pertencerem a um grupo cujas espécies secretam veneno por meio de sua pele como mecanismo de defesa. Povos indígenas utilizam esse veneno em pontas de lanças e flechas para terem mais sucesso em suas caçadas de subsistência.
Os exemplares permanecerão em quarentena por 30 a 60 dias para acompanhamento de saúde e de adaptação, acomodados em recintos que atendam às necessidades ambientais da espécie, tais como temperatura, umidade, substrato, abrigo e vegetação, além de dieta balanceada à base de insetos, como moscas-da-fruta e grilos, com suplementação vitamínica.
Após este período, serão incorporados à população da espécie já presente no Zoológico de São Paulo (mas de cor diferente) e transferidos ao espaço educativo “O Pulo do Sapo”. Os novos moradores poderão ser apreciados pelo público assim que as questões referentes à pandemia permitirem a visitação com segurança em locais fechados.
Operação
A repatriação se deu por meio de uma cooperação entre o FWS e autoridades brasileiras, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), no combate ao tráfico internacional de animais silvestres.
Quando os sapos chegaram ao aeroporto de Miami, agentes do FWS, ao verificarem a documentação da importação dos animais, identificaram que se tratava de uma espécie brasileira, endêmica de afluentes do Rio Amazonas.
A retirada desses animais de seu habitat natural, sua comercialização e mesmo mantê-los em cativeiro sem a autorização expressa do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (geralmente, só concedida a instituições científicas) são proibidas pela lei brasileira.
Eles também estão sob a proteção da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Silvestres Ameaçadas de Extinção (CITES). Apesar de não ser uma espécie ameaçada de extinção, alguns fatores críticos como destruição de habitat e tráfico de animais pode levar ao declínio de populações na natureza.
Foto: Divulgação/Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente
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