
De acordo com o Delegado Seccional de Franco da Rocha, Dr. Aldo Galiano, sete pessoas estão sob suspeita de envolvimento na morte da adolescente Vitória, de 17 anos, em Cajamar. Essa é a linha de investigação da Polícia Civil, detalhada durante coletiva de imprensa realizada na tarde desta quinta-feira, 6.
O corpo da adolescente de 17 anos, desaparecida há uma semana, foi localizado por cães farejadores da Guarda Civil e da Polícia Civil, na tarde desta quarta-feira, 5, em uma área de mata fechada, em Cajamar.
Durante a coletiva, o delegado deu novas informações sobre a investigação e sobre o crime. Segundo ele, a Polícia trabalha na recuperação das ligações recebidas e efetuadas pela vítima e pelos outros suspeitos na noite do crime.
Pedido de Prisão
A Polícia Civil representou pelo pedido de prisão temporária de um suspeito em uma das linhas de investigação: o ex-namorado da adolescente. A suspeita foi gerada a partir de uma inconsistência no seu depoimento. "A cronologia temporal que ele apresenta não bate com as demais testemunhas", disse o delegado.
O pedido de prisão temporária do ex foi feito às 19h desta quarta-feira, 5, e foi aberta vistas ao Ministério Público, que foi favorável. Porém, o juiz negou o pedido e justificou a decisão alegando que, "por ora, não há indícios seguros de autoria delitiva, sendo necessário o aprofundamento das investigações". Além da prisão temporária, o pedido de busca e apreensão também foi negado.
O ex-namorado se apresentou à Polícia na tarde desta quinta-feira, 6. Segundo Galiano, ele está se sentindo inseguro e correndo risco. "Ele teme que possa acontecer alguma coisa com ele. Se a pessoa teme que possa acontecer alguma coisa, alguma coisa a pessoa sabe. Ele está na delegacia e o estamos ouvindo em declarações para esclarecer todos esses pontos divergentes", declarou o delegado.
Inconsistências
"Nós temos aí várias informações inconsistentes. A menina desapareceu entre 00h15 e 00h30. Ele disse que estava com uma garota de 17 anos, tendo um relacionamento. Foi checado, a menina se apresentou. Só que nós temos uma prova contundente que ele estava próximo ao local do crime às 00h35. Ele disse que emprestou o carro para um amigo."
Segundo o delegado, a vítima mandou uma mensagem ao ex pedindo que ele fosse dar uma carona do ponto de ônibus até a casa dela, porque estava com receio. Ele disse que abriu essa mensagem só às 4h da manhã. Porém os registros mostram que familiares da jovem enviaram mensagens antes desse horário, informando o desaparecimento dela e ele respondeu com um simples "ok" antes das 4h. Segundo o delegado, o ex abriu as mensagens por volta de 0h30.
"Ele namorou a adolescente por cerca de quatro meses. Não namorava mais. A família era totalmente contra o namoro, porque falavam que ele era um mau elemento, inclusive o pai chegou a conversar com ele", explicou. "Separou há cerca de 1 mês, 20 dias, coisa recente".
Carros apreendidos e periciados
Dois veículos foram apreendidos pela Polícia e já periciados: um deles é um Toyota Yaris, onde estavam dois indivíduos que teriam passado pela adolescente após ela descer do ônibus e "mexeram" com ela. O veículo foi localizado e periciado.
O outro é um Toyota Corolla, usado pelo ex-namorado. O carro, que era emprestado por um amigo do ex-namorado, estava no local do crime por volta das 00h35. O dono do veículo, que morava próximo à casa da adolescente, está desaparecido desde o dia do crime. Ele também está sendo investigado.
Dentro do Corolla foi colhido um material que está sendo periciado. "Nós encontramos algum material que está submetido para confronto com o IML. Foi achado um fio de cabelo no carro, remetido ao IML e voltando amanhã para confronto se é compatível com o cabelo dela e DNA", disse.
Encontro do corpo
Segundo Aldo Galiano, o local onde o corpo foi encontrado é bem próximo de onde a adolescente desceu do ônibus. "O corpo foi transportado. É certeza que foi", ressaltou. O delegado afirmou que havia pouco sangue no local pelas condições em que ela foi encontrada. "O que nos leva a crer que esse crime foi praticado fora dali", explicou."
"Ela estava bastante machucada, com várias lesões. Tinha um afundamento na cabeça muito grande e pedimos que o IML fizesse uma tomografia bem detalhada. Ainda não veio o laudo técnico. A causa da morte com certeza foi o ferimento no pescoço, na aorta, muito profundo, quase uma decapitação", explicou.
Sobre a motivação do crime, o delegado afirmou: "99% é crime de vingança e pela crueldade a gente acha que pode ter a facção envolvida. Porque a crueldade é tanta, que a pessoa precisa ter estômago para fazer aquilo. Uma pessoa normal, por pior que seja, pode ser bandido, pode ser tudo, não teria estômago para fazer o que fizeram", ressaltou.
Sinais
O delegado falou sobre um sinal que pode indicar a participação do crime organizado na morte da menina.
"A raspagem do cabelo é típico de uma traição amorosa dentro das facções criminosas (PCC e CV). Pode ser um homem ou uma mulher que se envolveu em uma traição de triângulo amoroso. Esse caminho que a gente está começando a procurar".
"É característico, está na gíria do crime organizado, que se fala: Tem um talarico, tem uma talarica. Um homem ou uma mulher que traiu alguém do PCC. O sinal é a raspagem do cabelo. Eles querem mandar o recado. Ela estava com o cabelo raspado. Aí é um sinal evidente", relatou.
Investigação
O Delegado Seccional falou sobre a linha de investigação do caso.
"Ela pega dois ônibus. No primeiro ônibus ela mandou mensagem para a amiga dizendo que estava tudo bem. No segundo ônibus mandou que estava com medo. A mensagem dela apavorada, ela estava prevendo alguma coisa", disse.
"Crime passional eu não creio, com a experiência de anos de trabalho, a pessoa que vai matar num passional, ela vai dar 5,6,7 facadas e foge; ela vai dar 2, 3, 4 tiros e foge. Aí houve todo um transporte de corpo, uma movimentação, isso é uma coisa planejada. Então pode ser uma vingança ou facção criminosa", ressaltou.
"O caminho para a casa dela é totalmente escuro. Tinha uma luz. Foi dito que ninguém passou por lá. Temos um vulto que passa e encobre a luz. Esse vulto não dá prá ver, mas nos levou a suspeitar que se passou alguém, ali seria o local de desova dela."
Cativeiro
A Polícia acredita que a adolescente tenha ficado por dois dias em um cativeiro antes de ser morta. "Nós temos uma área em que triangulamos o telefone dela. Para destacar, o corpo estava em decomposição há 4 ou 5 dias. E estava desaparecido há 7 dias. Nesses dois primeiros dias, nós fizemos uma triangulação de antena, que deu em uma zona completamente distante do local onde ela foi encontrada e da casa dela", disse.
"Essa localização nos fizemos várias diligências nessa terça-feira. Foi exaustivamente vasculhada. Não se achou nada. Mas com certeza, pelas antenas, ela esteve nesse local ou o celular dela esteve nesse local. Mas é muito distante, eu estou falando de outra ponta próximo à represa, mais ou menos uns 30km (tudo em Cajamar)", explicou. Na quarta-feira foi achado o corpo.
Estão sendo investigadas 7 pessoas: o ex-namorado, o atual ficante, os dois indivíduos do Yaris, os dois indivíduos que subiram no ônibus e agora o dono do Corolla. "Estamos fazendo um levantamento dessas pessoas. Um deles tem antecedentes criminais", informou. "Todos se conhecem. Estabelecer a relação entre essas pessoas é o primeiro passo para se achar o suspeito. Estou tentando linkar se essas pessoas, se um tinha relacionamento com o outro. Se isso acontecer, o crime partiu dessa célula de pessoas", ressaltou.
Segundo Galiano, 14 pessoas já foram ouvidas pela Polícia Civil. "Eu acho que o material que a gente tem até o momento é suficiente para o esclarecimento desse crime", destacou o Seccional.
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