Ciclone causa apagão na região e expõe fragilidade estrutural da rede elétrica
- Fau Barbosa
- há 7 horas
- 4 min de leitura

Após tempestade e ventos extremos mais de 80% dos imóveis de Cotia ficaram sem energia; confira a situação das cidades
A passagem de um ciclone extratropical, com chuvas e fortes rajadas de vento, provocou um apagão que deixou Cotia em colapso energético entre terça (9/12) e quinta-feira (11/12). O blecaute atingiu mais de 80% dos moradores e expôs novamente a fragilidade estrutural da rede elétrica, com manutenção insuficiente e lentidão no atendimento de emergências.
Segundo dados atualizados da Enel, Cotia registrou o maior índice proporcional de falta de energia em toda a Grande São Paulo. Dos 141.520 clientes, 69.413 tiveram o fornecimento de energia interrompido (49,04 %). Vários bairros permanecem sem luz na manhã desta quinta-feira, 11.
No total, mais de 2,2 milhões de consumidores da região metropolitana enfrentaram interrupções simultâneas.

Em municípios vizinhos, o cenário também foi crítico e na capital paulista, mais de 1,4 milhão de imóveis ficaram no escuro.
Bairros isolados, comércio paralisado e caos no trânsito
Em Cotia, bairros como Granja Viana, Mirante da Mata, Jardim Ísis, Atalaia e Caputera ficaram totalmente isolados do serviço elétrico. A falta de energia paralisou mercados, padarias, postos de combustível e prestadores de serviços, causando prejuízos diretos ao comércio local e afetando a renda de trabalhadores e pequenos empreendedores.
Na Granja Viana, o vento derrubou várias árvores, as quais interromperam acessos a condomínios e causaram caos no trânsito da região.

A Defesa Civil recebeu quase 40 ocorrências apenas na manhã de quarta-feira, principalmente por quedas de árvores sobre ruas, casas e fiações — o que ampliou o tempo de restabelecimento.



Moradores denunciam falhas da Enel
Nas redes sociais, moradores relataram dificuldades para registrar ocorrências, ausência de informações oficiais e demora na previsão de retorno do serviço.
A crítica mais frequente é de que a concessionária não possui equipes suficientes para atender eventos climáticos extremos, que têm se tornado cada vez mais comuns.

Histórico de falhas e repetição do problema
O apagão desta semana não é um caso isolado. Cotia acumula episódios severos nos últimos anos:
Abril de 2023: apagão prolongado em diversos bairros sem previsão de retorno.
Novembro de 2023: ventos acima de 100 km/h deixaram bairros até 28 horas sem luz, causando protestos.
Outubro de 2025: queda de energia generalizada causada por falha no Sistema Interligado Nacional.
Relatórios regulatórios mostram Cotia entre as cidades com maior número de reclamações por interrupções, indicando falhas recorrentes na manutenção preventiva e no atendimento.
Infraestrutura insuficiente diante de eventos extremos
Segundo o Jornal Tablóide, especialistas apontam que, embora a ventania tenha derrubado árvores e danificado a rede, os impactos se agravam porque o sistema elétrico opera no limite, sem modernização adequada para resistir ao aumento da frequência e intensidade das tempestades.
O ciclo se repete: temporal, queda de árvores, rompimento da rede, demora no reparo e desorganização urbana — um roteiro que expõe a necessidade urgente de investimentos robustos e maior fiscalização.
O presidente do Conselho Nacional de Defesa do Cidadão (CONDEC), Cloves Ferreira, fez duras críticas à concessionária responsável pelo fornecimento de energia:
“A situação da Enel é extremamente grave. A demora na solução dos problemas gera caos nos municípios, transtornos profundos aos moradores e prejuízos gigantescos aos comerciantes e empresários. A população fica abandonada, perde mercadorias, deixa de realizar negócios e isso impacta diretamente a economia local e as contas do município”, afirmou.
O apagão que colocou Cotia no topo do ranking de falhas da Grande São Paulo reforça o debate sobre a responsabilidade da concessionária e a urgência de um plano de modernização que impeça que cada novo temporal se transforme em uma crise generalizada.
O episódio também reabre o debate sobre a regulação do setor elétrico, a eficácia das fiscalizações da agência reguladora e a necessidade de investimentos robustos em modernização da rede — especialmente considerando a intensificação de fenômenos climáticos extremos.
Nota da Enel - 11/12/2025
Informamos que nossa área de concessão foi afetada por um um ciclone extratropical e um vendaval histórico, segundo o Inmet, que perdurou por cerca de 12 horas nessa quarta-feira (10.12).
As fortes rajadas de até 98km/h derrubaram árvores e lançaram galhos e outros objetos sobre a rede elétrica. Trechos inteiros da rede foram danificados, impactando o fornecimento de energia em diversos pontos. O Corpo de Bombeiros registrou mais de 1.300 chamados relacionados à queda de árvores.
Mobilizamos antecipadamente um total de mais de 1.500 equipes ao longo do dia para atuar no restabelecimento dos cerca de 2 milhões de clientes que tiveram o fornecimento afetado. Desde ontem até as 5h de hoje, mais de 500 mil clientes afetados tiveram o fornecimento normalizado. No momento, há 1,5 milhão de clientes impactados.
Também disponibilizamos geradores para atender casos mais críticos.
Para acompanhar em tempo real o mapa atualizado de falta de energia, acesse:
Em caso de falta de luz, orientamos que os clientes priorizem os canais digitais para agilizar o atendimento:
🔹 Site: www.enel.com.br
🔹 Aplicativo: Enel São Paulo (iOS e Android)
🔹 WhatsApp (Elena): (21) 99601-9608
🔹Central de Atendimento: 0800 72 72 196
Imagens: Redes Sociais