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Cotia: Parte de vila histórica centenária é demolida no Morro Grande

Cotia: Parte de vila histórica centenária é demolida no Morro Grande
Dez casas da Vila Operária do DAE, parte do patrimônio histórico da cidade e construídas há mais de 100 anos, foram destruídas. Ação gerou mobilização popular com abaixo-assinado para impedir novas destruições

A Vila Operária do DAE, construída há mais de 100 anos no Morro Grande, virou alvo de denúncias após ter parte de suas casas demolidas pela Sabesp, com apoio da empresa Equatoriana. As construções datam de mais de 100 anos e fazem parte do patrimônio histórico, cultural e arquitetônico da cidade.


Moradores e ativistas acusam a Sabesp de destruir parte significativa do patrimônio local sob a justificativa de “risco estrutural”. Pelo menos dez casas já foram derrubadas, provocando indignação e o lançamento de um abaixo-assinado que pede a interrupção imediata da demolição e o tombamento da área.

“É um crime contra a memória da cidade. Estamos vendo parte da nossa história virar entulho, diante da omissão do poder público e da insensibilidade da Sabesp”, afirmou uma moradora ao Jornal Tablóide.

Cotia: Parte de vila histórica centenária é demolida no Morro Grande
Vila Operária foi contruída entre 1910 e 1930

A Vila Operária

A Vila Operária do DAE foi construída entre 1910 e 1930 para abrigar trabalhadores da Estação de Tratamento Alto Cotia. O local, que incluía 52 casas, igreja, clube social e escola, é considerado um marco da história do saneamento básico paulista. Em 2023, o projeto Ecomuseu Morro Grande, que atua na preservação do local, foi reconhecido como Ponto de Memória Coletivo pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).


Reconhecimento Nacional 

Em julho de 2023, parte do local foi reconhecido pelo Governo Federal. O "Projeto Ecomuseu Morro Grande" ganhou o certificado de Ponto de Memória Coletivo do Ministério da Cultura, por meio da portaria nº 579 do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). A certificação reconheceu a relevância do patrimônio natural, histórico, arquitetônico, cultural e social do território do Morro Grande, e fortaleceu a luta pela preservação da Vila Operária e da Reserva Florestal.


Segundo o Ibram, o Ecomuseu desenvolveu ações de museologia social com foco na gestão participativa e no vínculo com a comunidade, contribuindo para a valorização da memória social brasileira. A conquista conferiu visibilidade e legitimidade ao projeto, possibilitando maior articulação com outras instituições culturais e favorecendo investimentos para a continuidade das ações no território.


A historiadora e coordenadora de projetos Cristina Soutelo destacou, à época, que o Ecomuseu teve papel fundamental no fortalecimento da identidade cultural e na mobilização social do bairro. Entre as iniciativas realizadas pelo coletivo, estiveram oficinas de educação patrimonial e ambiental, rodas de memória com antigos moradores, saraus culturais e a produção do documentário “Desejos de Memória – A História da Vila DAE e da Reserva Florestal do Morro Grande”, premiado pelo edital Seu Dito da Congada lançado pela Secretaria de Cultura e Lazer de Cotia com recursos da Lei Federal Aldir Blanc. O projeto foi idealizado e executado por Damaris Ferreira, Gabriela Carvalho e Vilma Cristina Noseda, em 2021.


A destruição iniciada no dia 09 de maio reacendeu o movimento em defesa da Vila. Uma petição pública já circula nas redes pedindo a reabertura do processo de tombamento da Reserva Florestal do Morro Grande, incluindo a Vila Operária no perímetro protegido ou a criação de um processo específico de tombamento da Vila como patrimônio histórico, cultural e industrial; a interrupção imediata das demolições até que haja avaliação adequada do valor patrimonial da área; e o compromisso da Prefeitura de Cotia, da SABESP, do Ministério Público e dos órgãos de patrimônio (como o CONDEPHAAT e o IPHAN) com a preservação ativa e participativa do local.

Cotia: Parte de vila histórica centenária é demolida no Morro Grande
Cotia: Parte de vila histórica centenária é demolida no Morro Grande
Dez casas da Vila Operária já foram demolidas

A Reserva Florestal e a Vila Operária representam um raro encontro entre patrimônio natural e cultural — uma herança que deveria ser celebrada, e não apagada. A especulação imobiliária e a omissão das autoridades podem transformar o Morro Grande em mais um exemplo de destruição sistemática da memória coletiva das periferias paulistas.


Os moradores pedem socorro ao Ministério Público, ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), ao Conselho Estadual de Patrimônio (CONDEPHAAT) e à própria Prefeitura de Cotia. O tombamento pode — e deve — ser promovido por qualquer uma das esferas: federal, estadual ou municipal.

“Se há risco, que se restaure. Se há história, que se preserve. Não se apaga uma memória centenária com retroescavadeira”, diz um dos organizadores da petição.

“É uma mutilação da história de Cotia. O poder público está lavando as mãos enquanto a Sabesp derruba tudo. Precisamos de ação urgente!”, diz Cloves Ferreira, diretor do Conselho Nacional de Defesa do Cidadão (CONDEC).


A Sabesp, que terceirizou a gestão da área à empresa Equatoriana, informou, via assessoria de imprensa, que os imóveis demolidos próximos à Estação de Tratamento de Água Alto Cotia, no terreno pertencente à Companhia, apresentavam problemas estruturais e de segurança, com risco de desabamento. As construções já estavam em ruínas e se tornaram um ponto de proliferação de animais peçonhentos, como escorpiões, cobras e aranhas, colocando em risco os alunos de uma escola estadual próxima. Porém a empresa não explica por que deixou o local abandonado por tanto tempo, contribuindo para o desgaste das estruturas.


Em nota, o IPHAN e o CONDEPHAAT, órgãos estadual e federal, responsáveis pela preservação do patrimônio informaram que tomaram conhecimento do caso por meio da denúncia publicada pelo Jornal Tabloide e declararam que “estão apurando as informações para as medidas cabíveis”.


O Ministério Público - MPSP informou que existe um inquérito civil em andamento na promotorIa de Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo, que trata da conversão da Reserva Florestal do Morro Grande em Unidade de Conservação, porém não especificamente do caso das demolições. Informou ainda que foi juntada a denúncia do Jornal Tabloide para que seja analisado pela promotoria.


A comunidade já se mobilizou e criou um abaixo-assinado para proteger o que resta da vila, símbolo da história operária e do patrimônio cultural de Cotia. A petição pode ser assinada no link https://chng.it/9RvwrBnpKW


Com informações do Jornal Tablóide

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