Contas de água serão reajustadas em 6,11%

Segundo a Sabesp, reajuste apenas recompõe a inflação e não gera aumento real nas tarifas

A Sabesp confirmou que as contas de água e esgoto terão reajuste de 6,11% a partir de 2026. A atualização tarifária foi autorizada pela Agência Reguladora de Serviços Públicos (ARSESP) e corresponde à reposição integral da inflação medida pelo IPCA entre julho de 2024 e outubro de 2025.

A atualização tarifária foi publicada nesta segunda-feira (1º) e vale para todas as categorias de consumo (residencial, comercial e industrial) nas cidades atendidas pela Sabesp que integram a URAE-1.

Segundo a companhia, o aumento não representa ganho real, mas apenas a correção inflacionária necessária para manter o equilíbrio econômico do serviço. Ainda assim, o reajuste deve impactar diretamente o orçamento de famílias e estabelecimentos comerciais, já que o valor final das faturas ficará mais alto nos próximos meses.

Aumento x Reclamações

O anúncio do reajuste vem de enccontro as reclamações sobre abastecimento e qualidade da água. Na Granja Viana, em Cotia, moradores têm relatado interrupções frequentes, além de água com cor escura, odor forte e sabor alterado. As queixas — publicadas nas redes sociais, direcionadas à imprensa regional e registradas em canais oficiais de atendimento — mostram a insatisfação dos moradores com o serviço.

Especialistas em finanças domésticas alertam que, mesmo sem aumento real, a recomposição inflacionária pode pressionar o custo mensal da população, especialmente em regiões onde a conta de água já representa uma parcela significativa do orçamento familiar.

A atualização será aplicada automaticamente nas próximas leituras. Entre as cidades da região do Cioeste que terão as tarifas impactadas pelo reajuste estão Cotia, Carapicuíba, Itapevi, Jandira, Osasco, Santana de Parnaíba, Barueri, São Roque, Vargem Grande Paulista, Araçariguama, Cajamar e Pirapora do Bom Jesus.

Investimentos cresceram 151% após a desestatização

Apesar da alta nas contas, a Arsesp destacou que a tarifa de referência ficou 15% abaixo do valor que seria cobrado caso a Sabesp ainda fosse estatal.

Segundo balanços divulgados pela companhia, a Sabesp investiu cerca de R$ 15 bilhões desde julho de 2024 para ampliar e modernizar a infraestrutura de saneamento. Apenas entre janeiro e setembro de 2025, foram R$ 10,4 bilhões, um crescimento de 151% em relação ao mesmo período do ano anterior.

O governo do Estado afirma que a ampliação dos aportes foi possível graças ao novo modelo de concessão e ao uso do Fundo de Apoio à Universalização do Saneamento (Fausp), criado com recursos da privatização em 2024. O fundo recebe ainda os dividendos pagos ao Estado, que hoje detém 18,3% das ações da empresa.

Modelo regulatório só remunera investimento já realizado

A Arsesp também aplicou pela primeira vez o modelo backward looking, que considera apenas investimentos já realizados — e não projeções — para definir a tarifa. Segundo a agência, isso garante que a concessionária seja remunerada apenas por obras efetivamente entregues, evitando repasses indevidos ao consumidor.

Mesmo com o volume recorde de obras, o impacto da tarifa de equilíbrio sobre o Fausp foi considerado praticamente nulo (0,026%), após compensações referentes ao ciclo tarifário anterior.

Universalização antecipada

O novo contrato de concessão prevê cerca de R$ 70 bilhões em investimentos até 2029, com a meta de universalizar água e esgoto quatro anos antes do prazo estabelecido pelo Marco Legal do Saneamento.

Até outubro de 2025, já foram:

• 616 mil novos domicílios conectados à rede de água

• 733,8 mil imóveis ligados ao esgoto

• 948,9 mil unidades beneficiadas com tratamento de esgoto

A antecipação da universalização evitará o descarte inadequado de 3,8 bilhões de litros de esgoto, o equivalente a 1,5 milhão de piscinas olímpicas.

Com informações da Agência SP